Há aproximadamente 500 anos, chegaram, aqui, os homens oriundos do continente europeu, assassinando e usurpando os povos nativos e terras brasileiras. As consequências desta abusiva chegada persistem até hoje na visão deturpada que alguns cidadãos possuem a respeito dos povos indígenas. Além deste conhecido preconceito, ações que se assemelham às feitas na época da vinda portuguesa continuam a ser realizadas e, muitas vezes, são encobertas pelos olhos apáticos e insensíveis da sociedade.
Apesar da tremenda falta de visibilidade que os povos indígenas sofrem no contexto atual, um caso específico ocorrido em uma comunidade Yanomami no estado de Roraima, no dia 25 de abril, vem ganhando reconhecimento dentro das mídias sociais. Foi denunciado pela aldeia de Aracaçá o estupro e assassinato de uma menina de 12 anos por garimpeiros que exploram ilegalmente a região, que acabou desencadeando a morte de uma outra criança, após cair em um rio. O lamentoso acontecimento desencadeou uma série de questionamentos, principalmente após a comunidade ser encontrada queimada, absolutamente vazia. Surge então a hashtag ‘’cadê os Yanomami”, que ganhou repercussão nacional em meio a políticos, artistas, influenciadores e lideranças indígenas.
A última atualização que temos sobre o caso é que, felizmente, os indígenas desaparecidos foram encontrados, longe de Aracaçá. Além disso, alguns indígenas foram identificados acompanhados de garimpeiros, segundo o que informou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana. Mas e a respeito as outras incógnitas? Foram respondidas? Em relação ao culpado pelo incêndio na aldeia, não se sabe se foram os garimpeiros ou se foram os próprios moradores. Em uma nota divulgada na manhã de sexta-feira (29), Condisi-YY informou que é costume, "após a morte de um ente querido", a comunidade onde ele vivia ser queimada e todos irem para outro local. Sendo assim, por enquanto, é impossível saber o verdadeiro responsável. Já sobre a localização dos garimpeiros culpados pelo assassinato, segundo Júnior Hekurari, em outra nota oficial publicada em 29 de abril, o MPF e a PF dizem que não encontraram “indícios da prática dos crimes de homicídio e estupro da menina”, porque o corpo da garota foi cremado como parte do ritual da cultura Yanomami, informação publicada com exclusividade pela Amazônia Real.
Foto: Adriano Machado/Reuters